PARA SALVAR UM SUPER HOMEM!
Iniciava a década de 70 e a DC Comics tentava atualizar seus principais personagens para os
novos tempos. Novos valores eram incorporados ao american way, eram dias de onde as
manifestações pacifistas estavam em alta e já havia alguma preocupação com o meio ambiente. As inovações tecnológicas, a massificação das comunicações e a valorização do pessoal em relação ao meio, com o homem buscando um melhor entendimento de seu papel junto à natureza e o seu semelhante, davam as novas diretrizes com as quais autores pautavam seu trabalho. Ícones como Batman, Mulher Maravilha, saíram de seu mundo ficcional estagnado e idílico e adentraram a nova década com uma levada mais realista. Denny O´Neil revolucionou o universo destes personagens, aproximando suas aventuras da realidade o mais que pode! E quando a DC precisou salvar o super-deus, o trabalho coube a Dennis O´Neil.
Com o arco chamado KRIPTONITA NUNCA MAIS Dennis O´Neil começa sua passagem pelo titulo do Homem de Aço. E por mais contraditório que se possa parecer seu primeiro ato é eliminar a principal “fraqueza” do Superman! Toda a Kriptonita da Terra deixa de existir e o Homem do amanhã se torna virtualmente INVULNERAVEL. Ao menos era o que se pensava...
Com maestria O´Neil cria um arco de histórias onde a cada número o Homem de Aço se questiona de seu papel na terra, e o que sua presença significa para os que vivem próximo a ele. Ao mesmo tempo em que uma ameaça desaparece, logo outra muito maior vem atormentar a vida de Clark Kent. E é justamente a vida de Clark que sofre a maior das mudanças durante este período. Kent deixa de ser um reporte de jornal para virar ancora de uma rede de televisão – mais uma atualização que O´Neil leva para a série, mais condizente com os novos tempos .
Mas foi dito lá em cima que era preciso salvar ao Super-Homem e por enquanto o que se vê é nada mais nada menos que a retificação de sua condição de DEUS, todo poderoso, indestrutível, invencível e senhor de todo o universo...Até que surgiu a criatura de areia!
Paradoxalmente a mesma explosão que destruiu toda a Kriptonita da Terra, atingiu o homem de aço, lançando-o ao chão do deserto, e com a tremenda força da explosão, uma fenda se abriu entre dimensões e um ser de pura energia emergiu do lugar onde caiu o Superman! A estranha criatura, cada vez que chegava próxima ao seu molde original, roubava-lhe um tanto de seus poderes, tornando-se cada vez mais, uma cópia imperfeita do Homem de Aço! Era o gancho perfeito que O´neil procurava para desenvolver sua história de “humanização” do herói Kriptoniano!
Ao longo de nove edições, O´Neil, mostra as conseqüências da gradual perda de poder do herói e de como o mundo, que estava acostumado a depender tanto de um Super-Homem, quando este começa a falhar a opinião publica volta-se contra ele. Isto faz com que Clark repense sua condição de “salvador” e ao enfrentar a criatura de “areia” trave na verdade uma batalha contra seus próprios medos e demônios interiores. Na verdade, Clark descobre-se mais humano do que suspeitava e com a ajuda de um sábio ancião, Ching, tentará superar todas suas dificuldades para voltar a ser o herói que a humanidade precisa...
A saga, Kriptonita Nunca Mais, foi publicada no Brasil por três editoras diferentes: Ebal, Abril e Nova Sampa. A editora Abril publicou a saga completa na coleção SUPER-HOMEM formatinho entre os nºs 03 a 09 ficando devendo apenas algumas das capas das edições originais. A Ebal, não sei dizer se publicou todas as histórias, lembro apenas de um que outro capitulo. A Nova Sampa retalhou a saga em sua coleção INVICTUS no nº 13.
O veterano desenhista Curt Swan foi o único remanescente da equipe criativa anterior a permanecer no titulo do Homem de Aço. A ele se juntou o finalista Murphy Anderson e juntos tornaram-se uma das mais celebradas duplas dos quadrinhos. Eles foram responsáveis pela arte destas histórias, que tiveram como convidado de luxo, na arte das capas, o incomparável NEAL ADAMS! Dennis O´Neil deixou o titulo depois de um ano, mas sua passagem pela coleção é relembrada até os dias de hoje. Naquele ano de 1971, pelo menos entre os meses de Janeiro a Setembro, havia um novo super-homem na cidade. Alguém mais próximo dos homens a quem ele jurou proteger. Mesmo que por pouco tempo.
Jesus Ferreira
Zonafranca34@hotmail.com
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