terça-feira, 10 de agosto de 2010

INTERNACIONAL , REI COROADO DO BRASIL - PLACAR 1975


INTERNACIONAL, REI COROADO DO BRASIL!

Em 1975, eu tinha então nove anos e já era colorado o INTER tornava-se campeão brasileiro. Esta semana o “papai” vai jogar o primeiro tempo de uma partida que nos levará novamente a conquistar a AMÉRICA... Como é bom ser colorado.

Para homenagear este time que está no nosso sangue, quero postar algumas paginas da revista PLACAR nº 299 de DEZEMBRO de 1975. É graças a publicações como estas que alguns de nós, que éramos crianças naqueles anos gloriosos do Colorado, podemos conhecer sua história de conquistas prodigiosas. Eu confesso que não me lembro de quase nada de antes de 1979, minhas recordações mais antigas, sobre futebol, remontam á copa de 1978! Antes disso, zero!!!!!

Segue abaixo então, a reprodução das primeiras paginas de PLACAR:

“Uma festa inédita. Pela primeira vez, a emoção superou a escala de um GRE-NAL. O grito de guerra – COLARADO! – foi mais forte que nunca. E os aplausos também. A Figueroa, em dia de graça. Ao velho Manga, num dia de Milagres.”

“Durante 56 minutos, o grito de gol ficou contido nas quase 90.000 gargantas coloradas. Mas havia Figueroa.

O banho da vitória dos torcedores que ficam na CORÉIA não teve cerveja ou cachaça, como talvez a comemoração exigisse. Os “coreanos”, aqueles torcedores que vem o jogo de pé, com o gramado ao nível dos olhos, e que esperavam desde as 11 horas, quando dos portões foram abertos (ou seria desde 1969, quando o Beira-Rio foi inaugurado?) atiraram-se nas águas sujas do fosso para festejar o titulo brasileiro.

Correia, gerais, arquibancadas e cadeiras, aos gritos de “colorado” mais de 80.000 pessoas suadas, juntaram-se aos que esperavam fora do estádio e caminharam lentamente, desafogados, pelos 3 quilômetros da avenida Borges de Medeiros , que separa o Beira-Rio do centro de Porto Alegre. Ali, explodiu o maior carnaval que a cidade já viu pela conquista de um titulo – o único que faltava ao Inter: o de campeão do Brasil. Palavras já impressas nas bandeiras e fitas vermelhas muito antes do grande dia.

O carnaval, na verdade, explodiu simultaneamente em todo o Estado. Na festa dos colorados de Livramento na fronteira, os colorados da uruguaia Riveira – que nela os existem – passaram a fronteira e se uniram na algazarra.

O jogo foi uma loucura, ao qual não faltaram lances de heroísmo. Manga, durante a semana, preocupava os médicos por causa de um estiramento na coxa esquerda – sentiu aos 20 minutos. Mas continuo firme. No intervalo, insistiu para voltar: agüentaria a dor. Fez intervenções dificílimas e pelo menos duas defesas incríveis – sob os gritos delirantes da massa, que não cansava de berrar seu nome. Tinha-se mesmo a impressão de que bola alguma passaria por aquele homem de 38 anos.

- Agradeço aos médicos, por terem permitido que eu voltasse ao campo. Eu queria mesmo me tornar o herói deste jogo. E me tornei, não acham?

Verdade. Mas o jogo teve outros heróis, embora não tanto quanto Manga. FIGUEROA, pelo gol que marcou e por ter se tornado uma barreira à voluntariosa reação do Cruzeiro. FALCÃO, que no entender de seu exigente pai, não fez das suas melhores partidas ( o velho Bento gostou mais dele contra Portuguesa e Fluminense), mas que se igualou a Zé Carlos em raça e o superou na classe. PAULO CÉSAR, que ressurgiu vibrante e com toda a classe de um primeiro tempo extremamente apegado ao esquema do time. NELINHO – um perdedor, sim – como lateral e, a partir dos 28 do segundo como meia, um leão no comando da reação mineira.

Esses homens apareceram com sua garra e tudo o que sabem de futebol apenas no segundo tempo, pois no primeiro – como não poderia deixar de acontecer numa final – os dois times se apresentaram muito presos, numa nervosa guerra tática.

Nos dois times, não sobrava um beque – mas dois. Flávio era marcado por Piazza – Morais e Darci ficavam na espera. Caçapava grudava em Palhinha – Figueroa e Hermínio participavam de raros lances na intermediaria.

E todos os beques extremavam seu zelo quando a primeira barreira era ultrapassada. Aos 07, Morais meteu a sola no pescoço de Lula. Aos 13, Figueroa aplicou o primeiro de três cotovelaços no rosto de Palhinha – o centroavante mineiro chegou mesmo a sangrar. Assim, como a bola entraria nas áreas ? O Cruzeiro tocava melhor, mas a defesa do Inter – sempre com Figueroa em destaque, cobrindo bem o nervosismo do garoto Chico Fraga – se mostrava disposta e confiante. Só aos 27 aconteceu a primeira entrada perigosa do Inter: Paulo Cesar foi ao fundo e recuou para Flávio, que demorou.

Emocionado dentro das medidas, MINELLI diria no fim – numa respeitosa homenagem ao talento de ZeZé Moreira – que toda aquela cautela era devida ao receio de cair nas armadilhas do velho.

- Ele pensava que entraríamos amassando, contava com espaço para lançamentos longos a Palhinha. Mas eu não poderia me arriscar numa final.

No segundo tempo, segundo Lula, Minelli pediu que o time continuasse cauteloso e que explorasse mais as jogadas pela esquerda, onde Nelinho subia muito.

Era evidente a disposição dos times em evitar a prorrogação. Nelinho exigiu Manga no primeiro minuto. Aos 02, Lula chutou perto. Aos 05, Hermínio tirou o pão da boca de Roberto batata. Aos 06, Valdomiro chutou errado.

Num jogo assim, o dono da casa geralmente leva vantagem: a torcida se inflama e começa a apoiar. O Beira-Rio explodiu. Foi neste ambiente que, aos 11, Valdomiro sofreu falta de Piazza, ao lado da área. Figueroa subiu, pediu cruzamento e correu para a área. Entrou no meio dos beques e acertou de cabeça na bola, que entrou à direita de Raul, apenas capaz de olhar.

- A partir daí, o Cruzeiro entrou no jogo que mais nos convinha: subiu em massa. ( MINELLI)

Verdade. Tanto que, logo após Manga cometer um milagre numa falta cobrada por Nelinho, o Inter, quase liquida a fatura. Valdomiro cruzou e, livre, Lula errou. Aos 14, aos gritos, Zé Carlos pedia mais atenção a Morais. Mas era difícil conter Lula. Logo depois do gol perdido, ele passou por três, entrou na área e chutou na trave.

Tais jogadas mais os gritos da torcida, seriam capaz de estremecer muitos times – menos o Cruzeiro, que não morre antes da hora. Pois dali a poucos instantes, o grito que mais se ouvia no estádio era MANGA!, MANGA! E o admirável Manguinha, com o rosto contraído pela dor, comoveu a todos quando, aos 25, voou no canto para espalmar um toque de Palhinha, que a diminuta porém enfezada torcida mineira dava como gol certo.

Zezé Moreira aos 28, tentou o que já dera certo no Recife: mandou Nelinho para a frente, no lugar de Eduardo, entrando Sousa na lateral esquerda – Isidoro passou para a direita. E como Nelinho lutou!

Mas, àquela altura, o Inter se defendia com garra igual. Palhinha, um disciplinado, chegou a se irritar com a presença de Valdomiro na defesa e aplicou-lhe uma violenta rasteira – na verdade, uma vingança contra a dureza de Figueroa e Hermínio.

Zezé ainda tentou colocar Eli no lugar de Batata – só pelo gás de Eli – mas a torcida não acreditava em mais nada que não fosse a consagração de seu time.

E cantava: “esta chegando a Hora”. Era a certeza da vitória.

Quando o ótimo Dulcídio Vanderlei Boschilia pegou a bola e, depois de efusivamente abraçado por Figueroa, correu para o vestiário, a agoniada massa dos COLORADOS soltou o urro que conteve por 90 minutos ( ou seriam seis anos?) na garganta : CAMPEÃO DO BRASIL.

E não parou de soltar tal grito durante toda a madrugada de segunda-feira.

- E agora, rumo à América – proclamava Figueroa no vestiário, erguendo uma miniatura do troféu ganho pelo Inter, ajudado pelo entusiasmado garoto FALCÃO.

Quer dizer, ano que vem o Brasil terá dois grandes representantes na Libertadores da América. Como provaram em campo” - reportagem de DIVINO FONSECA .

Eu poderia seguir reproduzindo aqui as outras 10 paginas, de um total de 17 dedicadas ao COLORADO nesta edição da PLACAR, mas não acho necessário. Para todos aqueles que lembram e viveram está maravilhosa época do GIGANTE esta pequena introdução já basta para atiçar as velhas recordações. E para muitos que não tiveram o privilégio de viver estes dias, hoje ainda se pode conseguir comprar um exemplar desta fantástica revista, PLACAR.

Hoje estamos por viver novamente uma decisão, amanhã o INTER joga no MÉXICO a primeira das duas partidas que nos levarão novamente a erguer o caneco maior daqui da América. Por segunda vez! E no fim do ano, estaremos novamente mostrando ao mundo o valor da raça COLORADA!

Da-le Inter!

Jesus Ferreira

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